Ôôô sem mistério Sem o consenso da família saiu Fugido do cemitério Queria se mudar para o Rio de Janeiro Largou a idéia logo no dia primeiro A vontade permaneceu até o mês de janeiro Quarenta graus na tv e a chuva no enterro Largou o emprego e calçou o seu tênis velho Sem dinheiro no banco e muito menos no terno A coragem o empurrou no primeiro baú, Saindo de Brasília direto pra zona sul Andando descalço na esquina da Vinicius Procurando um local pra alimentar o vício Passando duas ruas lhe disseram: "é logo ali" Um pedaço de joelho e uma tigela de açaí De frente ao posto 9 na barraca do Beto Tomando uma cerva sozinho, sossegado e esperto A vontade de mudar na cabeça novamente Tirou a areia dos pés e seguiu em frente A dor da perda do pai foi o seu combustível Se lançou nessa jornada em busca do incompreensível Tantos kms rodados e nada de respostas Parou para ler as frases escritas numa porta As mensagens da porta trouxeram boas lembranças As coisas que o pai lhe dizia quando era criança Apesar da grande perda ele tem a convicção O pai não está mas com ele mas deixou uma boa lição