Em um quarto de orfanato Eu seguro a tua mão A memória permanece Na parede do coração, mas Não digo que tenho como Lembrar do teu nome, conto Com voltar no tempo Nem que seja num sonho Vivendo num labirinto De retratos indistintos E essa dor, irreconhecível Por algum motivo ainda sinto Esse quarto, como um fantasma Do passado, eu fujo, persigo Paradoxo da memória Que revive a nossa história Se repete, espiral Infinito, decrescendo E uma flor, no final Permanece sozinha, crescendo Chama, flama, incendeia Como uma flor de espinhos Você se machuca ao me proteger Chama, flama, incendeia Mesmo uma flor chamada Por qualquer outro nome Ainda queima Em um quarto de orfanato Eu seguro a tua mão A memória estremece Eu não lembro, eu não sei Nesse quarto de orfanato Uma porta, entreaberta Na memória, já tão longe Você é tudo que me resta Nessa porta, entreaberta Não é Deus quem olha pela fresta