O rio invade o meu quarto Na escuro da madrugada Quase tudo, quase nada Minha cama, lento barco Que me leva ao infinito Que me navega e se acaba O rio invade o meu peito E faz marolas do sonho Daquilo que me proponho Em tudo que dou um jeito A sirene é o meu grito Eco em meu porto tristonho O rio me lava de calma Cada vez que amanheço Me lembra do que me esqueço E rega fios da minha alma O rio é quase que um rito Que, manso, eu subo e desço O rio me divide ao meio Destino em vão desabando A cada margem beijando E em todo mundo que veio É tempo curto e finito É o dia só começando