No Tempo da escravidão veio ao mundo um negrinho Por um casal de pretinhos por intermédio de um amor Nasceu esse sofredor nesse mundo de maldade Com oito anos de idade entregaram a um senhor Passou a ser mandalete na estância do senhor branco E de seus pais que eram escravos não recebera carinho Só ganhava o coitadinho judiaria do senhor As palavras mais bonitas que recebia o coitado Era infeliz desgraçado, pau de fumo, malfeitor E um couro de maneador lhe batia sobre o peito Na cara de qualquer jeito para que sentisse a dor E o negrinho sofrendo não chorava e nem pedia E nem tão pouco sabia por qual seria a razão Dessa grande judiação que o seu senhor lhe fazia Benedito se chamava o mandalete da estância Pra os brancos pouca importância por ser de cor diferente E andava este inocente sempre de corpo marcado De tanto o senhor malvado bater naquele vivente Até que um dia o negrinho foi chamado pela morte E o senhor surrava forte que já estava sofrendo E o sangue foi correndo e o negrinho ensanguentado Com os olhos arregalados e o patrão sempre batendo O negro olhava para o céu com olhar escancarado E o senhor desesperado foi dando uns estranhos gritos Fecha os olhos Benedito, e os olhos não fechava Duas estrelas brilhavam no alto do infinito Este estranho momento que as estrelas brilharam Os dois olhos se fecharam do negrinho sofredor E nessa hora o senhor, do negro de pouca estima Fitando os olhos para cima compreendeu ser pecador Naquela hora o senhor Foi agarrando o negrinho Com os olhos fechadinhos Ele trazia sobre o peito E dizia deste jeito Remorsiado e aflito Abre os olhos Benedito! Abre os olhos Benedito! E foi assim que o senhor perdeu a luz da razão Vivia pelo galpão só chorando e dando grito E a noite olhava as estrelas lá no céu sempre a brilhar E achava que era o olhar do negrinho Benedito Terminou tudo em tristeza E morreu num triste fim Clamando e dizendo assim Fecha os olhos Benedito! Fecha os olhos Benedito! Fecha os olhos Benedito! Fecha os olhos Benedito! Fecha os olhos Benedito!