O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe O que não sabe, o que não saberia O que não saboreia porque é só visão E tão somente cores, a cor do veludo Ludo, luz, brinquedo, ledo engano, tele Teletecido à prova de tesoura Que não corta, não costura, que não veste Que resiste ao teste da pele, não rasga Nunca sai da tela, nunca chega à sala Que é pura fala, que é beleza pura É a pura privação de outros sentidos tais Como o olfato, o tato e seus outros sabores Não apenas cores, mas saliva e sal Veludo em carne viva, nutritiva Não apenas realidade virtual Veludo humano, pano em carne viva Menos realce, mais vida real O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe O que não sabe, o que não saberia Porque morreria sem poder provar Como provar a pilha com a ponta da língua Receber o choque elétrico e saber Poder matar a fome é pra quem come, é claro Não apenas pra quem vê comer Assim feito a criança pobre esfarrapada Come feijoada que vê na TV Essa criança quer o que não come Quer o que não sabe, quer poder viver Assim como viveu um Galileu, um Newton E outros tantos muitos pais do amanhã Esses que provam que a Terra é redonda E a gravidade é a simples queda da maçã Que dão ao povo os frutos da ciência Sabores sem os quais a vida é vã O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe O povo sabe o que quer Mas o povo também quer o que não sabe