Sou quaternário Terciário Secundário e até primário Sou o tal Que foi chamado "homem de Neandertal" Que foi chamado "homem de Neandertal" Que foi chamado "homem de Neandertal" O tal que foi chamado "homem de Neandertal" Mas sou amável Sou saudável E mesmo sendo Tão selvagem Tenho direito de não ser Abominável Antigamente não havia uma voz Uma voz que se levantasse Que se engraçasse em duvidar da autoridade Da autoridade paternal Este século está perdido Corroído, corrompido Sem humildade, sem moral Pobre de quem perdeu O respeito pelos pais A memória dos avós E pensam que nasceriam sem nós A culpa dos avós Quem faz são eles Mas quem paga somos nós Não, senhor Por favor Pague o filho pelo filho Pague o avô pelo avô Quem me dá um trem que me leve Da Bahia a Nova Iorque? Que me deixe ao meio-dia Em qualquer ponto de Berlim? Uma astronave? Um manequim que desfile só pra mim? E quem me dá um tesouro mais rico Que o de Aladim? Quem me dá: Um vestido como aquele de Paris? Um galã de Hollywood? Feriado no Hawaí? Um domingo todo livre? Um verão longe daqui? Quem me dá Quem me dá Quem me dá uma roupa nova? Quem me dá Quem me dá O respeito do que sou? Quem me dá Quem me dá Quem me dá um tempo de existir? Quem se revolta Quem se revolta por mim? Quem me dá Quem me dá Quem me dá meu próprio dia? Quem sente melhor por mim A alegria que me dá o sol A chuva, o caminho? Quem me dá a semelhança de astronauta? Quem me dá a liberdade de escolher De pensar, de sair? É você? Olha aqui: Quem me dá sou eu!