No exato instante em que um raio de Lua nova Risca o céu escarlate em algum ponto do Brasil Uma canoa conduzida pelas mãos de um beiradeiro Singra as águas mansas do meu rio A face desse homem traz as marcas da ação do anos Gastos na lida em seringais e castanhais Memórias de batalhas entre índios e grileiros Quando o sangue tingiu os mananciais Minha morada, tua morada eu sou Sou teu filho e meus ouvidos estão abertos para ouvir Tua histórias, lendas e lutas De índios, beiradeiros e ativistas aprendendo a resistir Eu que nasci de pai violeiro Declaro que o amor que trago no peito Vai muito além do aluvião Que encrespa tua face, agita teu ventre fecundo És força na inundação Filhos do céu, do rio, da floresta Somos muitos, mas somos um só Guerreiros largados na mão do acaso Querendo ter voz, querendo ter vez Pedindo atenção, declarando a paixão Minha morada, tua morada eu sou Sou teu filho e meus ouvidos estão abertos para ouvir Tuas histórias, lendas e lutas De índios, beiradeiros e ativistas aprendendo a resistir