Eu recebi uma notícia Que o gaúcho da fronteira Andou tendo uns piripaques No fim duma sexta-feira, Que o coração do gaúcho Que é um coração de primeira, Numa atitude sem luxo Quase que fez o gaúcho Se enredar nas boleadeiras. E eu como sou amigo, Dessa jóia brasileira, Fiquei muito preocupado E me bateu uma tremedeira. Então, eu sai correndo Por essa cidade inteira, Procurando um coração Que lhe de condição De concertar a porqueira Uns queriam dar dinheiro. Outros, fazer oração. Mas coração ninguém dava, Sempre a resposta era não. E se dependesse deles, Nós íamos ficar na mão. E eu aprendi, nesse entremeio, Que o nosso mundo está cheio De gente sem coração. Pensei em te dar o meu, Que eu sou um amigo de fé, Mas logo vi que não dava. E vou te explicar porque é. Eu sendo assim como sou, Sou igual ao que tu é, Sofro da mesma aflição E não lhe dou meu coração Porque eu já dei para uma mulher.