Acoçado de mutuca e tapado de judiaria Fui morar em Porto Alegre cantar em churrascaria Assinei todos os contratos que a tal casa requeria Fiquei que nem cusco a soga acuando da noite ao dia Depois que eu peguei serviço tirei o pé da sargeta Mais tinha que caprichar porque a coisa tava preta Mete o peito e suar o topete, bem crente baixar a paleta Pra convencer os viventes de ganhar a tal gorgeta. Pra mim que vim de campanha dizem que tenho talento Carregado de esperança e a melena solta ao vento Devo obedecer horários conforme regulamento E me embretaram num rancho que se chama apartamento. Mas agüentei no osso do peito, era isso que eu queria Ser cantor bem afamado e levar pro povo alegria Já tô até me acostumando com os gritos e a correria E o boteco lá da esquina o apelido é lancheria Mas te garanto patrão que eu sendo peão desse emprego Ando pisando macio igual que peru no trevo Não sou dono nem de mim e já não tenho sossego E ando louco por sestiar numa cama de pelego.