A tarde boceja um vento na volta do corredor E o gado veio a tranquito pras bandas do parador Lá na lonjura uma garça cortou o horizonte gris Parecia a mão de deus escrevendo com um giz. A noite estendeu seu poncho, se atorou um raio no meio Abriu os rojões do tempo e o aguaceiro se veio Não se via um palmo a diante a não ser num relampo Mostrando um mar campo a fora se esparramando no campo. A estrada abriu-se d’água, perdi o rumo do passo Com o vento ondulando tudo e a chuva dando guascaço A água vinha roncando tingindo a terra vermelha Tal sangue de uma degola bufando fora das veia. Passei a noite a cavalo de molho num banhadal Tomando coice e raio e os tapas de um temporal Só fui criar a alma nova num outro dia bem cedo Ao ver de longe o meu rancho entre a copa do arvoredo