Vaneira Vivo na campanha com simplicidade Porque a humildade me faz muito bem Sou um homem rico de felicidade Pela liberdade que o campeiro tem. Sou peão satisfeito, bombacha folgada Sempre uma risada no meu rosto estampa, Atropelo a fome cortando a costela E a poeira na goela num trago de guampa. Sou de pouca prosa, xirú meio xucro No jogo de truco desdobro o baralho Conheço artimanha de china dengoso Que é dono da prosa pra não dar trabalho. Sou amigo do jogo, gosto de criança Desdobro uma dança do jeito que vier Pra marcar o xote, não tenho receio, Faço um sapateio e danço bem o chamamé. De noite lá no rancho na hora sossego Deito nos pelegos como antigamente Levanto bem cedo tomo um mate amargo Pra enfrentar o encargo alegre contente. E quando as vezes um dia eu fico na cidade A tristeza invade, me encharco de canha; E a velha saudade no peito me acarca E eu bato na marca e vou de volta pra campanha.