Gaúcho da Fronteira

Xucro de Campanha

Gaúcho da Fronteira


Vaneira 

Vivo na campanha com simplicidade 
Porque a humildade me faz muito bem 
Sou um homem rico de felicidade
Pela liberdade que o campeiro tem. 
Sou peão satisfeito, bombacha folgada 
Sempre uma risada no meu rosto estampa,
Atropelo a fome cortando a costela 
E a poeira na goela num trago de guampa. 

Sou de pouca prosa, xirú meio xucro 
No jogo de truco desdobro o baralho 
Conheço artimanha de china dengoso 
Que é dono da prosa pra não dar trabalho. 
Sou amigo do jogo, gosto de criança 
Desdobro uma dança do jeito que vier 
Pra marcar o xote, não tenho receio, 
Faço um sapateio e danço bem o chamamé. 

De noite lá no rancho na hora sossego 
Deito nos pelegos como antigamente 
Levanto bem cedo tomo um mate amargo 
Pra enfrentar o encargo alegre contente. 
E quando as vezes um dia eu fico na cidade 
A tristeza invade, me encharco de canha; 
E a velha saudade no peito me acarca 
E eu bato na marca e vou de volta pra campanha.