Bem na esquina daquela rua morta Reina o silêncio até findar o dia Chegando a noite abrem-se as portas Do afamado bar da boemia E no momento que eu ali chegava Os companheiros correndo a me encontrar E as mulheres todas me arrodeavam E até brigavam por querer me abraçar Naquela rua eu sempre fui o dono Igual um rei arrodeado de rainhas Mas os amigos destruíram o meu trono E agora abraçam as mulheres que eram minhas Por intermédio daquela luz acesa Vejo o cantinho que elas sentavam comigo E as mulheres naquela mesma mesa Bebendo ao lado de quem foram meus amigos Hoje sozinho eu maldigo aquele bar Onde perdi a vergonha e o dinheiro Quando não tinha mais o que gastar Perdi as mulheres e também os companheiros Em recompensa dos meus tempos de boêmio Recebo a rua como herança da orgia Só a miséria e o desprezo foram prêmios Que eu recebi da maldita boemia