Quando a noite abraçava o dia A história que os velhos contavam Na vastidão da Amazônia Lindas caboclas dançavam Nas margens do rio A menina mais viçosa, mais cheirosa do lugar Libertava o fogo da Lua A menina mais viçosa, mais cheirosa do lugar Queimando em brasas o príncipe das águas Nas águas limosas dos igarapés Transformado em kariwa Navegando entre as canaranas Em amores se banhava Errante que vagueia pelas matas Em busca de virgens para amar O príncipe das águas Sedutor de almas, alimenta-se em sonhos Devorando a pureza Que emana das cunhãs Sedutor de almas, alimenta-se em sonhos Devorando a pureza Que emana das cunhãs Eu sou o boto encantado Que vaga a mando na escuridão Os habitantes do fundo do rio Eu conclamo pra celebração Minha força é de puraqué Meu chapéu e de arraia O meu encanto cintila nas águas Feito escamas de pirarucu Sou bicho (e água) Sou boto (e homem) Beijando as águas barrentas do rio Cavalgando arrastado pelos temporais Sou bicho (e água) Sou boto (e homem) Beijando as águas barrentas do rio Cavalgando arrastado pelos temporais