Irmão eu chego achar engraçado o modo como agente vive; Muitos adoram ouvir isso, mas presenciar o bagulho é triste; Olho pros meus manos e começo pensar; Sei lá, talvez do que precisassem fosse um lugarzinho pra chorar; Pra organizar seus pensamentos, sozinho; Mas na vontade de esquecer o mundo, sobe a fumaça do verdinho; Deixando desejos pelo caminho, como grana e poder; Ter uns pano, um Cartier, ou simplesmente o dom do "saber"; A vida não foi gentil com você, nego comigo também não; Olhando a chuva de granizo eu exercito essa percepção; Nesse tempo frio aceito quando a solidão me atinge; Hoje não quero ouvir ninguém até que o dia termine; Isso vem me fazendo bem um pouco de silêncio e pã; Só que eu sei que é ilusão, vai ser diferente pela manhã; sempre a mesma fita vai movimentando o gueto; Vagabundo quer estatus na vila e vai correndo pelo dinheiro; Aprendendo a viver, eu vivo aprendendo; Vivendo um grande segredo chamado efeito tempo; Sou só mais um negro tentando me manter perto; Eu mando minha rima com o Gangue como um confessionário aberto; Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer; Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher; No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender; Te entender, te entender, irei sempre te entender; Eu acordo no meio da noite sem conseguir adormecer; Pego um suco na geladeira, colo na sala e ligo a TV; E outra vez começa chover, ouço as gotas no telhado; É sempre um DeJavu pra mim esse momento solitário; Olhando pela na janela, irmão, tento enxergar; Algo através da noite até a tempestade passar; Pra mim tudo ainda é cinza mas eu vejo bem a quebrada; Os bico posado nos mano da esquina enquanto rola a madrugada; Trás Chá, bebida e pó, pó bebida e Chá; Fim da noite, muitos sós mó vontade de voltar; Cada dia que passa, eu sou testemunha de uma certeza; Que a vida é uma poesia por mais criminosa que ela seja; Tanto na rua, pela viela, com um verde na mente já chapado; Ou observando seu mundo cair no retrovisor do Fusion roubado; Eu tenho parceiro que anda armado, tenho truta que trafica; Eu tenho mano revoltado, eu vivo com todo tipo de vida; Que dar conselho pra que? deixa o malokeiro ser feliz; Não vou tentar ensinar o que eu nunca aprendi; Não sei se quero alguém que me entenda, ou alguém que possa me ouvir; Ou alguém que me deixa sozinho pra eu poder voltar a dormir; Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer; Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher; No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender; Te entender, te entender, irei sempre te entender; A noite parece tranqüila pra curtir e dar umas risadas; Alguns tiros são disparados e fim de outra festa de quebrada; Eu já esperava, as vezes isso acontece; Mas deixo a cena no gelo, volto pra casa e escrevo um Rap; É como tentar levantar uma barreira contra a intolerância; Assim me mantenho firme mesmo perdendo as esperanças; Com minha mente inclinando pra um lado, eu jogando ela pro outro; Ouço vozes la fora, o frio me chama pra rua de novo; Só vagabundo ao redor da fogueira, agente brisa e fala besteira; E dessa forma esquecemos problemas que durariam a noite inteira; A rua é outra família com praticamente o mesmo valor; Certos erros não podem vazar, mas no fundo é pelo amor; Se ela um dia enfraquecer ,neguinho, nós vai concertando; Mesmo ondas quebrando nas pedras, ainda pertencem ao oceano; No sorrir, no sofrer, eu continuo enxergando; Dentro de cada olho, um espírito gritando; Ei, só quero fazer algo pra você, pra que não possa me esquecer; Te marcar, te dizer que não está sozinho, estou aqui pra te acolher; No sorrir ou no sofrer, serei seu ombro amigo, irei sempre te entender; Te entender, te entender, irei sempre te entender;