Sem trazer filosofia complicada Eu dedico a vocês a minha lira A verdade arde mais do que a mentira Tá provado que o mundo é uma piada Pra subir, companheiros, nessa escada É preciso encarar a escuridão E no corpo ter força de um leão E o poeta é capaz de transformar É o que diz o poeta potiguar É cultura do povo na palma da mão Traz na palma da mão A cultura do povo na palma da mão Meu escudo de guerra é uma viola Um galho no peito e a rima chega Sou dragão rebolando labareda Cuspo verso extraído da caixola Não sou de gemer por uma esmola Não trago medida nem padrão No martelo eu trago informação Pra brecar o teu argumento errado Cantador tem um dom abençoado É cultura do povo na palma da mão Traz na palma da mão A cultura do povo na palma da mão A palavra bonita é liberdade A palavra gostosa é viver A palavra do medo é padecer A palavra do engano é falsidade A palavra vital é mocidade A palavra maldita é traição A palavra do amor é coração Latejando, querendo avisar Que o poeta é corrente popular É cultura do povo na palma da mão Traz na palma da mão A cultura do povo na palma da mão Há quem diga que o poeta é sacana Há quem fale que é ultrapassado Há quem chame de marginalizado Há quem queira castrar a sua fama Há quem jogue a riqueza dele em lama Para descer na imundície desse chão Sem saber que o poeta é o coração Dessa gente andando na cidade O poeta é história sem idade É cultura do povo na palma da mão Traz na palma da mão A cultura do povo na palma da mão