Gal Costa

De Volta Ao Futuro

Gal Costa


Em matéria de previsão eu deixo furo
Futuro, eu juro, é dimensão
Não consigo ver
Nem sequer rever
Isso porque, no lusco-fusco
Ora, pitombas
Minha bola de cristal fica fosca
Mando bala no escuro
Acerto o tiro na boca da mosca

Outras tantas giro a Terra toda às tontas
Dobro o Cabo das Tormentas
Rebatizo Boa Esperança
E vou pegando pelo rabo a lebre de vidro
Do acaso por acaso
Em matéria de previsão, só deixo furo
Futuro, eu juro, é dimensão
Vejo bem no claro
E tão mal no escuro

Minha vida afinal navega tal e qual
Caravela de Cabral
O marinheiro mete a cara na janela e grita
Sinal de terra
Terra à vista
Tanto faz Brasil ou Índia Ocidental
Oriental
A sina começa sempre
A dança recomeça
Sempre recomeça a dança da sinuca
Sempre recomeça a dança
A mesma dança da sinuca vital