Meu Deus que vida abençoada aquela que antes eu tinha Quando vivia na roça com minha amada e as criancinhas Plantava feijão e arroz milho e café tudo o que me convinha Eu tinha galinhas e porcos carneiros cabritos e algumas vaquinhas E quando chovia o dia inteiro tocava viola e cantava modinha E na taipa do fogão de lenha uma panelada de arroz com galinha Tinha um belo pomar e uma horta com verduras e frutas fresquinhas Sobrava pra vender na feira domingo bem de manhãzinha Eu arrancava mandioca e minha esposa fazia a farinha Rapadura melado e queijo que eu ia entregar na vendinha Bebia da água de mina sem gosto de cloro e limpinha A luz era de lamparina mas clareava bem nossa casinha Feliz não precisava muito levava uma vida Simplesinha Não devia nada pra ninguém minha família andava certinha E quando chovia o dia inteiro tocava viola e cantava modinha E na taipa do fogão de lenha uma panelada de arroz com galinha Não tinha televisão me reunia com toda a turminha A gente escutava rádio quando tinha pilha e chegava à noitinha Ouvindo modas das boas que chorava sentida a violinha Que saudade daquelas toadas que aos poucos a alma definha O mundo da muitas voltas que triste sorte foi a minha Precisei vender o sitio que um dia herdei da minha mãezinha Os filhos já estão criados mas tenho medo que saiam da linha Porque moro na grande cidade acabou meu sossego diz minha Rosinha E quando chovia o dia inteiro tocava viola e cantava modinha E na taipa do fogão de lenha uma panelada de arroz com galinha