Franklin Mano

Palavras

Franklin Mano


Existe um livro há muito tempo
Que é arcaico e recente
São verdades e mentiras
Que justificam tantas vidas
Dos que já foram
Dos que aqui estão
Dos que ainda vem
Cruzadas, fogueiras, inquisição,
Pedofilia, indulgências, Deutsche Christen
Essa Guerra Santa nunca fez sentido
Não vai fazer sentido agora...

O tempo passa, o tempo muda,
Os fatos são os mesmos, mas as pessoas são outras. (2x)

Mas o que me surpreender
É que tanta gente tenha acreditado
E ainda insista em viver essa fé-ideológica
Tão limpa que imunda o mundo

Páginas diferentes
Retóricas iguais
Que confunde e alienia os outros
Páginas iguais
Retóricas diferentes
Que confunde e alienia os outros

Mas há milagres pelo mundo!
Milagres só são bênçãos na retórica
Porque literalmente tem um preço
E é tão comum a água se transformar em vapor e gelo
O incomum é um alquimista fazer apenas de água, o vinho tinto
Mas não é isso que perturba meu pensamento
O que me intriga é um ser capaz de criar o universo
E não conseguir educar os bárbaros, sozinho.

Páginas diferentes
Retóricas iguais
Que confunde e alienia os outros
Páginas iguais
Retóricas diferentes
Que confunde e alienia os outros

O que me irrita é que muita gente ainda não tenha percebido
Que o pecado não é nascer e sim ainda está vivo.
Se o amor é bom e não faz mal a ninguém?
Porque a mendicância de insistir em sofrer
Pra ser amado pelos outros...
Palavras iguais
Palavras diferentes
No fim umas iguais as outras
Palavras iguais tão desiguais
No fim tanto faz
No fim tanto faz
No fim tanto faz uma ou outra.
Eu sigo seus passos
Além dos seus rastros
Sigo em frente quando já não tem
Nenhum vestígio de você

Eu sigo em frente
Eu volto ao passado
Pra catar qualquer migalha de você

Eu sigo em frente
Além dos seus rastros
Voltando ao passado
Pra num futuro certo
Mais uma vez te perder

Eu sigo em frente
Eu volto ao passado
Suborno os fatos
Pra me enganar
Pra te convencer:
Que tudo é innocence
Sem inocência nos atos
A decadência não é amar
E sim amar você...

Por isso sigo em frente
Contra o acaso
Contra o tédio dos quadros
Por entre carros, barcos e conchavos
A overdose não é amar
E sim amar você...

Por isso sigo em frente
A incerteza nos passos
Os passos, os rastros
Tudo se conjuga e conjuga em vão
Mais uma vez eu e você.

Em frente...
Cansado eu paro.
Me sento e entre estranhos
Conto tu que vi, que vivi, que senti...
Um dia por você.