Franklin Mano

Coração de Contêiner

Franklin Mano


No fundo dos teus olhos vejo icebergs
Artérias de ferro, coração de contêiner
Perfeita, bela e simétrica
Nua, cristalina e sem poesia
Feita pro pecado
Nem quente ou morna
Gelada ou fria
Sem transpiração

Agora!
Nem minha mulher, nem minha amiga
Doses e tragos,
Lembranças...
Contentamento e decepção
Meu ápice e ruína em tuas mãos

No ronco do motor:
Dezembro, sagitário, dois e sete
Sem passado ou futuro
Em câmera lenta se repete o flash-back
Filhos de Sampa em Pernambuco
Duas cidades do interior na mesma rota de colisão
Nada foi por acaso
Nada foi ilusão
Mas separados tudo se mostra em vão

Dentro do meu quarto
No fundo de mim mesmo
A mesma velha e nova agonia
Um exercito de sentimentos mortos pelo chão todo dia
Nada foi por acaso
Nada foi ilusão
Vejo a felicidade escapar da minha boca
Dos meus dentes, fugir das minhas mãos
E separados tudo se mostra em vão...