O Francisco não existe Apenas vive sofrendo Seu verso é triste, bem triste Parece pomba gemendo Não sei como ele resiste Ver seu talento morrendo Ser poeta é a reminiscência Cultivando uma saudade É a timidez da inocência Fugindo da crueldade E, agora, em plena existência A mãe da fatalidade Ser trovador não é nada É um gênio, é um vulto e magia Difícil ciência enredada Da mestra filosofia Que traz a vida embalada Nos braços da nostalgia Do meu verso ninguém fala Também nunca eu me exibe Bombacha, botas e pala Eu uso desde eu guri São fardamentos de gala Deste pago em que eu nasci Morre o homem e fica a fama Pouco, nada se aproveita Do meu verso, eu fiz a cama Aonde a rima se deita Lutei pra tirar da lama Quem, hoje, me faz desfeita Tem gente que muda mais Do que a própria atmosfera Ganância por capitais Nenhum irmão considera Mas eu não mudo jamais Vou morrer o mesmo que eu era Chegando o fim da jornada No meu calvário de dor Pobre cruz à beira estrada Marco simples sem valor Uma esmola, gauchada Irmãos, me atirem umas flor' Nem meu sono derradeiro Por muito tempo não dura Porque eu não deixo dinheiro Pra rendar minha sepultura Fica um abraço, parceiros De um poeta da alma pura "-E o que é ruim se bota fora, só o que é bom que se mistura."