Querência velha gaúcha por onde ao tranquito passo Com o cargueiro dos anos paleteado do cansaço Curtido de poeira e lama relento chuva e mormaço Levanto de madrugada pra sentir o ar da manhã Boto chaleira na brasa no cerni de tarumã E o galo branco abre o peito e na chirca grita o tarã Boto a orelha contra o vento ouço o minuano bufando O gado desce a coxilha e a potrada relinchando E brabo tchê o mês de agosto quando amanhece garuando Olhando os verdes dos campos tapado de serenal Ouvindo o grito do peão pachola guasca bagual Lidando com gado alçado atolado nos banhadal Amo meu rancho de barro meu catre trançado a tento De baixo duma carreta gosto de dormi ao relento E admiro a natureza e as luzes do firmamento Enquanto o mundo for mundo não há trabalho perdido Tudo que tu planta colhe ditado bem conhecido Vivo tropeando esperança em corredor de chão batido Me criei com benzimento simpatia e chá caseiro Comendo boia em tigela sobre o clarão dum candieiro Assim que nasce se cria um caudilho galponeiro Nasci cresci vivo assim me sinto bem onde apeio Nos fandangos eu canto verso danço namoro peleio Já deixei China fogosa mordendo a perna do freio