Nunca vi resto de alma, nem couro de lobisomem Tampouco rico usuário que desse camisa a um homem Nunca vi uma viúva alegre que gozasse de bom nome Nunca vi cachaça braba que um cachaceiro não tome Minhoca não tem pestana, mussum que nasce no barro Dizem que o morcego fuma mas nunca comprou o cigarro Não peço nada a ninguém mas, se me dão, eu agarro Na suba da gasolina, foi roubarem o meu carro Nunca vi mudo trovando, nem cego jogar bilhar Nem avião viajar na terra, nem automóveis no ar Nem baixada sem subida, ter que subir pra baixar Conhecer o rengo setado, é brabo de acreditar Um homem sem Deus é diabo, desmanchar quem fez o nó Sempre é cheio de vontade o neto criado com vó Sorro que pega na trampa corta a mão, fica cotó E o saci, de tão arteiro, ficou com uma perna só Nunca vi tatu sem casco, nem lagarto de peiteira Jacaré de suspensório e burro dar pra carreira Todo taura inteligente não tapa o sol com a peneira Quem morre pelo seu gosto não deve falar em canseira Nunca vi mula dar cria e velório de nego novo Nem perdiz sentando em árvore, nem coelho botando ovo E todo homem baixinho é brabo, cheio de retovo Nunca vi um candidato que não mentisse pra o povo Não entro em baile de cobra, bicho é que mora no mato Não há pé torto no mundo que não encontre um sapato Não se sabe qual é a fêmea num casal de carrapato Não compro gato por lebre, nem vendo lebre por gato Praga não mata ninguém, feitiço não acredito Toda pessoa sem graça não é feio nem bonito Rego dançando de pala se torna muito esquisito Já falei tanta bobagem, é melhor eu sossegar o pito "-Vamo' sossegar o pito por aí, indiada"