Patrício amigo permitas, que em rima diga quem sou Pois nesses versos eu vou desfazer as aparências Granjiei no mundo experiência já que cresci sem estudo Hoje eu sou um pouco de tudo que existe em nossa querência Sou laço em mãos de campeiro que em lidas de campo é mestre Eu sou a flor do campestre nas manhas de primavera Sou um velho umbu de tapera, sou raça dum um povo guapo Herdei sangue farrapo de gerações de outras eras Eu sou a chama crioula que o tempo jamais apaga Sou entreveros de adaga nos bolichos de campanha Sou o velho frasco de canha, água benta que o gaúcho Bebe pra aguentar o repuxo tropeando em querência estranha Sou rancho de pau a pique, sou ramada pra fandango Sou boleadeira, sou mango, sou bota, espora e guaiaca Sou lança revolver e faca, sou calmo me reconheço Também depois que embrabeço nem tempestade me ataca Sou floreio de cordeona, sou chimarrão de erva boa Sou o próprio pago em pessoa, ser justo o mundo me ensina Ser lombo duro é minha sina, não dou não quero conselho Só vou curvar o joelho perante a força divina