Francisco Okabe

Desurbano

Francisco Okabe


Cada um na sua faixa
Caixas em linha reta
Dá seta, solta fumaça

Cada um na sua pista
Pára no ponto de vista
Fechado pros sinais da cor

Cada um no seu calçado
Passa batido ao lado
Asfalto duro, muro alto, divisor

No meu sentido vai na contramão
Toda essa pressa e essa solidão
Na direção por vias vicinais
Tem duas mãos, tem muito mais

A vontade de viver varia
Vendo as notícias
E a indisciplina do clima

A batida polícia silencia
Sai de baixo, bateria o violão
No chão, mãos para cima

No meu sentido vai na contramão
Toda essa pressa e essa solidão
Na direção por vias vicinais
Tem duas mãos, tem muito mais

No meu sentido desurbano vai na contramão
Esses retornos sem saída em construção
Na direção por vias vicinais
Tem duas mãos, tem muito mais