Francisco Martinho

Terra Irada

Francisco Martinho


Sou filho da terra irada
Nasci no berço do espaço
Fui escravo do Deus dinheiro
Fui tudo, não sendo nada
Em mistura de sargaços
Com oiro de pioneiro

Eu fui o bobo do rei
Comi debaixo da mesa
Migalhas de pão pisado
Sem direitos, reclamei
Direitos pra natureza
De quem nasceu malfadado

Fiz tudo para esquecer
Alimentei-me de dor
No vinho de desespero
E a revolta fez nascer
No meu peito sofredor
Um hino de posso e quero

Não é balada o meu fado
Nem tenho medo de erguer
Sua bandeira encarnada
Fui menino, sou soldado
E ninguém pode vencer
Um filho da terra irada