Francisco José

Ai Mouraria

Francisco José


Ai, Mouraria 
da velha Rua da Palma, 
onde eu um dia 
deixei presa a minha alma, 
por ter passado 
mesmo ao meu lado 
certo fadista 
de cor morena, 
boca pequena 
e olhar trocista. 

Ai, Mouraria 
do homem do meu encanto 
que me mentia, 
mas que eu adorava tanto. 
Amor que o vento, 
como um lamento, 
levou consigo, 
mais que ainda agora 
a toda a hora 
trago comigo. 

Ai, Mouraria 
dos rouxinóis nos beirais, 
dos vestidos côr-de rosa, 
dos pregões tradicionais. 
Ai, Mouraria 
das procissões a passar, 
da Severa em voz saudosa, 
da guitarra a soluçar.

Ai, Mouraria 
dos rouxinóis nos beirais, 
... ... ...