Sou obrigado a descrever nesse momento O sofrimento de quem não tem companhia É que o amante separado tem má fama E quem não ama, a tristeza é sua guia Com quinze anos eu já tinha uma viola Lá na escola eu amei a um alguém Quase menina e por ela ser criança Tinha que ela me queria bem Com quinze anos eu na flor da mocidade Na mesma idade era a jovem que amei Ela escondida bilhetinhos me escrevia Até o dia que de lá eu viajei Fui abraçá-la na hora da despedida Minha querida uma chavinha me deu E um retrato pra "mim" levar por lembrança Uma aliança da minha mão recebeu Deixei a terra que morava a minha amante Fui pra distante sem ter mais notícias dela E com três anos desse padecer medonho Eu tive um sonho uma noite assim com ela Sonhei que estava uma carta dela lendo Vinha dizendo o nosso amor se acabou Mande a escrita, a chavinha e meu retrato Meu desacato nessa noite começou Atordoado acordei naquela hora Fui lá pra fora com uma grande ilusão Fiquei andando pra ver se eu esquecia Mas eu sentia soluçar meu coração No outro dia, à noite eu fui a praça Não teve graça e voltei muito ruim Lembrei da carta que por sonho tive dela Pensei é ela que não gosta mais de mim Comprei passagem e viajei no outro dia Pensei que ia gozar a vida com ela Mas o feitiço desse sonho me dizia Que eu não podia mais viver distante dela Cheguei na praça lá vi minha pretendente Tão diferente na bancada do jardim Nem conheceu e bem juntinho a um moço louro Com o namoro nem se quer olhou pra mim Ela tão linda, diferente e mais formosa Naquela proza, cada qual mais satisfeito E cada beijo que ele dava era um abalo E mais um calo que crescia no meu peito Fui esperá-la no caminho da casa dela Pensei que ela ia pra casa sozinha Não tive sorte que ela voltou sem demora Daí embora, mas o louro ainda vinha Apaixonado, comecei beber cachaça Caí na praça e a polícia me prendeu Me perguntaram por que é que bebes tanto Eu disse é pranto por alguém que já foi meu Com a viola fui direto a casa dela Lá na janela eu cheguei cantando assim Acorde ingrata e ouça a voz de quem te ama Que veio na lama te trazer recordação É o poeta que por ti já foi amado Hoje é jogado sem ninguém dar-lhe atenção Naquela jura que foi feita entre nós Em minha voz, para ti lembranças trás Daquele tempo já tem outro pretendente Sai diferente, que nem me conheces mais A lua foge e a tristeza me abraça O tempo passa e multiplica a minha dor É teu conforto me ver dentro do lameiro Prisioneiro na gaiola do amor Te amei tanto na escola queridinha Tudo o que eu tinha de amor te entreguei Hoje os copos de cachaça que eu bebo É o que recebo em lugar do que te dei Mandei pra ela o retrato e a escrita Mandei a dita chavinha que ela me deu Tô convencido que é perdido quem se atreve Que o homem deve viver só como nasceu O nosso amor foi pequeno e oprimido Tô conhecido que chegamos ao fim Está canção fica em tua companhia Até um dia tu se lembrares de mim Está canção fica em tua companhia Até um dia tu se lembrares de mim