Na dor, no sal, fiz um carnaval Do santo tirei meu canto O tempo espantou a dor, virou canção. No céu, no mar, em qualquer lugar Até onde a vista alcança, O tempo avança, senhor da imensidão. O temporal foi como um sinal Do escuro, lá do futuro Parece não ter saída, eu vou pro fim. A luz no breu foi quem me acendeu na brecha lancei a flecha A vida, quem sabe, vai sorrir pra mim. Do mar, do cais naveguei a paz Da ponte fiz minha fonte O tempo foi temperando o caminhar. Do mais comum, como qualquer um Ao raro mais puro e claro: O tempo não perde a vez, não vai parar. A intuição, minha direção A meta, essa estrada reta Qualquer caminho, é caminho que se quer. A mente esperta, alma aberta E o bom senso, um caminho imenso A vida vai lapidando o que vier. Domar o medo, morder a chance O alcance do olho do lince É certo, o tempo não espera por ninguém. Deitar o ódio, calar o pranto O encanto em cada momento. O tempo não perde tempo, vai além. E descobrir, e desmascarar O medo, qualquer segredo Viver é curiosidade, é paixão. A água bate na rocha bruta Eu fito, pó de granito E o tempo marcando as horas da ilusão. A vida nos desafia É dura, é cura pra nossa ira O mundo à beira do caos, assustador. Mover montanhas, roer impérios Mistérios, martírios? Mas vale mais é fazer uma canção de amor. Na dor, no sal, fiz um carnaval Do santo tirei meu canto O tempo espantou a dor, virou canção de amor.