A vida do cachaceiro É uma vida atrapalhada Tem vez que dorme na cama Outra vez é na calçada Não pode ver botequim Sente a goela ressecada Ele entra esquece a vida Mata o bicho na toada A mulher fica esperando Sempre de cara fechada Chega cambeteando Ela vai xingando Você não é homem É lobisomem Cara de pamonha Homem sem vergonha Ninguém te atura Seu cara dura Não qué trabaiá, só pensa em vadiá Eu que te sustento, mas não aguento Vive na lambança feito criança Eu passo vergonha com a vizinhança Quem bebe fora da conta Sempre fica desnorteado Se mete em todas as conversa Dando seu palpite errado Aborrece todo o mundo Por ser muito confiado Muitas vez banca o valente Já sai com o nariz quebrado Depois fica boquejando Vai pra casa carregado Chega em casa cabeça em brasa Vem pisando alto que nem lagarto Vem dançando o samba na corda bamba O zóio vermeio piscando feio Insulta a muié feito um lucifér A criançada corre assustada A pinga domina, ele desafina Ele cai na cama, dorme de botina A mulher do cachaceiro Passa uma vida apertada Reclamando pros vizinhos Sua vida de casada Se não fosse as criança Eu já era desquitada Por isso que eu aguento Essa peste descarada Só sabe beber cachaça Pra depois fazer burrada De tanto bebê, não quer mais comê Anda enfraquecido, já tá curtido As tripa assobia e o peito chia Quando vai dormi parece um mandi Amanhece o dia, tá na agonia Com a língua mole já pede um gole Não adianta falá nem aconselhá Só depois de morto (O que acontece companheiro?) Que ele vai deixá