Vou te contar O samba é esse Eu não vou marcar a fronteira Eu não vou marcar Eu tô aqui pra poder juntar Samba de moleque brincadeira O batuque da Limeira Vem ao Tejo desaguar Ai se o que parece fosse duro Se falar fosse um apuro Do medo de censurar Toda e qualquer dita fronteira No fundo é uma maneira podre pra nos separar Mas somos cientes que as sementes Desse mundo há descendentes do aqui e do acolá Não vou aceitar que nada, nadinha Cale a minha maneira De te falar Que eu vim aqui pra poder juntar Quem conserva a dor tanto padeço Que o corpo logo se esquece De emergir e respirar Fica a lamentar da violência Que é só fruto da demência De quem vive a separar Mas cravo vermelho não se esquece Que o futuro ainda merece A igualdade conquistar E tudo que é totalitarismo Vai cair num grande abismo Para nunca mais voltar Vou te implorar Me dê tua mão vem pra cá dançar Que essa vida é pra se encantar Canto pelas não sei quantas mortes Dos naufrágios e boicotes Acidentes só que não Marcas de uma estranha integração Que há débitos no coração Que ninguém quer considerar Ai se a lei dos homens fosse justa Muito do que nos assusta Poderia nos salvar E toda bandeira ia ser poeira Iria adubar nova maneira De todos nos libertar Vou te contar O samba é esse Eu não vim causar desavença Não vim causar Mas a carapuça é pra se usar