Filipe Ret

A Margem Me Chama (part. U-flow)

Filipe Ret


Eu mato quem tiver que matar
Enfrento as chamas, queimo as flâmulas
A margem me chama
Odeio o mundo, só quero minha dama

Eu to no canto de um país qualquer
Num campo de batalha que eu não sei qual é
Lutando por uma causa que não me interessa
Em meio ao verde, só vejo vermelho
O desespero me acompanha, meu cavalo ta com sede
Já perdi minha espada, a cela quebrou
Meu escudo já não me defende, pra onde eu vou

Mas amigo eu falei, amigo bem que eu te avisei
Que isso um dia ia acabar, o sofrimento vai passar
Eu já consigo ver o lado de lá, tudo passará
Meu sangramento é vivo, minha vida sangra
Mas peço pra santa atender meu pedido
Preciso dizer à minha mulher e ao meu filho que vai nascer
O quanto eu sinto

Eu mato quem tiver que matar
Enfrento as chamas, queimo as flâmulas
A margem me chama
Odeio o mundo, só quero minha dama

Eu já pensei em desistir
Mas nunca vou contemplar minha fuga
Mesmo ferido por espada lanço um tiro enquanto o sangue pulsa
A minha alma não vai ser expulsa
Eu vou lutar ate meu último suspiro
Eu prefiro insistir na vida até o fim dessa agonia
O juizo final se realiza todos os dias
Passo sangue na cara e finjo de morto
Deixo pisar no meu corpo, levanto, executo e já parto pra outro
Eu sei que o que interessa é voltar pra casa
E ter umas vergonha, voltar e ser mal exemplo pro herdeiro
É melhor ser derrotado como um homem de verdade
Que ser vitorioso no exército dos covardes
Eu só enxergo a luz ao fundo
Parece o fim do mundo, ferimento profundo, guerreiro vagabundo
Que só retorna porque tem alguém pra amar
Se não voltar o corpo está por la em algum lugar

Eu mato quem tiver que matar
Enfrento as chamas, queimo as flâmulas
A margem me chama
Odeio o mundo, só quero minha dama

Identifico a maldade, também enxergo no escuro
A viagem foi longa e arde a ferida que eu curo
Se eu não pensasse demais talvez seria melhor
Que quanto mais distante eu fico eu vejo um mundo menor
Meu raciocínio é veloz, o instinto é compulsivo
Me alieno pra manter meu ódio adormecido
O homem sábio sempre aprende com o passado que teve
Aquele que produz veneno fatalmente bebe um pouco dele
É ganhar sem lutar, quando os fracos se traiem
A verdade vem à tona quando as máscaras caem
Sei que no bando corrompido as confusões são eternas
O ponto fraco é notório, sua discórdia é interna
Então protejo a minha alma, sempre mantendo a minha calma
Não vem com pó de tijolo que nem teu sangue te salva
Quando o medo te domina a consequência é amarga
Você carrega sua cruz
Você que paga o teu carma

Eu mato quem tiver que matar
Enfrento as chamas, queimo as flâmulas
A margem me chama
Odeio o mundo, só quero minha dama