Eu quero é criar o gado É plantar a terra, morar na fazenda Sair da cidade, fugir da neurose E não saber das vozes que enganam o País Eu quero é não ter o que sobra É não ceder às cobras, é sair da roda Ter meu próprio espaço Traçar o meu passo Eu tenho o direito a querer ser feliz Eu quero é levantar bem cedo E ver o sol beijando a boca da serra Quero andar descalço, pôr os pés na terra Dividir a água, dividir o pão Eu quero é me deitar tranquilo Com a cabeça limpa e a consciência leve Nada que me agrida Nada que me pese Nada que perturbe a minha solidão