O tosador que foi João Nunca mais há de voltar A Morte veio esquilar O corpo velho maneado Sua tesoura no passado Era afiada, era ligeira Da comparsa era a primeira E hoje o fio tá enferrujado Resta na imaginação Lembrar as tardes tranquilas Os causos entre as esquilas A canha contra o calor Foi o tempo embolsador Socando velos de sonho Na vida do João tristonho Que é bolsa de esquilador Vai morrer nalgum novembro Velho João sem tirador No céu com Nosso Senhor Que não é rei, nem patrão Há de achar a gratidão Por tantos velos atados E os seus dedos encerados Justos cobres guardarão