Passei hoje à Mouraria Deserta, triste, abatida Na mais estranha cegueira E recordei junto à Guia A febre d’alma incontida De Gabriel de Oliveira Se esse marujo imponente Visse morrer ao desdém A fé sentida que havia Esse poeta valente Sofria mais que ninguém Na velhinha Mouraria Sua voz tinha a magia De impor respeito a qualquer Nos bairros mais desordeiros E quando amava, sentia Fosse por qualquer mulher Sentimentos verdadeiros Hoje ficou como imagem Saudade de alguém ausente A espalhar melancolia Como que estranha miragem A recordar tristemente Um grande da Mouraria