Quando eu morava entre o rio e a lagoa Meu carro era uma canoa minha luz um lampião Era feliz era rico na pobreza contemplando a natureza Por não ter televisão Agora eu vivo no agito da cidade não tenho mais liberdade Minha casa é uma prisão Infelizmente é a verdade nua e crua quem passeia pela rua É o bandido e o ladrão Quando a saudade invade meu pensamento Traz de volta a voz do vento no telhado de sapé Ouço sonhando o cantar da cirieira e a linda piracema Subindo o Rio Jacaré E os passarinhos revoando livremente para bicar a semente Na palma da minha mão Sinto pulsar meu coração de caboclo Eu estou ficando louco de saudade do sertão Esse escritório de carpete aveludado eu me sinto realizado Mas não é o que eu quis Tenho vontade de rasgar o meu diploma levantar desta poltrona Onde nunca fui feliz Voltar pro campo respirar o ar do mato sem camisa e sem sapato Me banhar no ribeirão Morar vizinho ao criador da natureza porque ele com certeza Também mora no sertão