Pra que não tenha sido em vão A fuga pela mata, o fogo na plantação A lágrima na canção, a resistência Sou continuação, com gratidão e reverência Meu verso é chama pra orgulho e ousadia Pouca simpatia emana Onde amor é rarefeito, a dor do preconceito é drama Onde imponência de preto é profana Insolência, daquele jeito, feito leão na savana Uma pá de bico sujo na maldade faz intriga Sussurrando igualdade onde a diferença grita Mas pelo bem de quem me importo digo basta, já não posso Ser gentil com quem nos mata, nem me esforço Antes frio, psicopata, sem remorso Ser pragmático na rima é minha reação Esse e meu ritmo, impor respeito é que é chavão Ato político, pra que não tenha sido em vão A cada amanhecer que eu me levantar Vou agradecer a quem decidiu lutar Pra que não tenha sido em vão eu quero mais que liberdade Não é sobre dinheiro, é sobre vida com dignidade meu anseio Poder pros nossos não é fim, é meio Em território inimigo eu vivo, eu brigo, eu sigo Pontuando nesse jogo sujo Causando por Rafael Braga e Thais Araújo Se a mira aponta pra gente de gente Que seja eterna a afronta, Marielle presente O açoite na alma venceu o tempo A cicatriz tá na rua e no ódio que eu alimento Entendo que racista se deve cumprimentar Com soco no maxilar, Gilette na jugular, é o mínimo Já que meus heróis, em suas dores Abortaram, suicidaram, emboscaram feitores Degolaram senhores É pouca ideia, sem perdão Assumo minha posição Pra que não tenha sido em vão A cada amanhecer que eu me levantar Vou agradecer a quem decidiu lutar