Era o povo pequenino, pés descalços na geada Era o povo pequenino, na cartilha da pancada Era o povo pequenino, já puxava pela enxada Era o povo pequenino, a chorar na tabuada Morder os dentes, lamber os beiços Molhar pão velho na caldeirada Ai, povo pequenino Pés na lama do destino Ai, povo pequenino Pés na lama do destino Não te pesa o coração Com o chumbo da lição? Não te pesa? Ai, povo pequenino Tão humilde e cabotino Ai, povo pequenino Tão humilde, tão escarninho Não te dói no coração O estilhaço do canhão? Não te pesa? No mar, a boiar, são cravos No fundo, há feitos escravos Ai, quanto do teu sal? Ó, povo pequenino Pobre povo pequenino Ó, povo pequenino Pobre povo pequenino Não te pesa o coração? Tanto medo da canção? Tanto amor ao bastão?