Hortolândia, interior de São Paulo 1991 foi um ano regido pela morte Não que os outros não tenham sido Mas esse tem suas particularidades Um tipo estranho chegou da capital Pensando que era o tal, esse é o mal Neguinho pensa que aqui só tem caipira, otário, mané e loki Não é nada disso Este é apenas um exemplo, mas vários já morreram por isso Face da Morte conta a história de mais um caso de assassinato No começo era paz, bom relacionamento Respeitava nossa área até aquele momento Era considerado, nunca foi zoado E nem zoou com ninguém, até aí tudo bem Começou a agir em outros níveis Passou a conhecer a ladrãozada mais alta Diretoria da área, rapaziada que é foda Mata só pra ver o tombo, pombo sem asa é normal Voa pra lá e pra cá com a proteção dos orixás, eles agiam Uma ideia rolou, rolou algum certo Não me recordo direito o dia nem o horário Mas lembro do cenário Uma viela comprida cruzava todo o bairro Popularmente chamada de corredor da morte O jogo começou e ele lançou sua sorte Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Até que enfim chegou o dia esperado Fulano subiu a ladeira, tijolo embaixo do braço Parou em frente a igreja, deu alguns passos pro lado Sentou no pé do cruzeiro, ficou bem sossegado A molecada da escola vinha saindo Sinal da última aula mais parecia um aviso Pressentimento mais forte tocou meu coração Rapaziada chegou com toda calma do mundo Andou pro lado do cara numa fração de segundo Tijolo foi aberto Se via claramente que a morte estava por perto Quando senti que o diálogo estava complicado Para piorar ainda mais Um oitão carregado na cabeça do cara foi apontado E alguém disse pra ele Tu tá pensando o que? Que aqui tem algum otário? Mas o otário é você Isso aqui não é maconha Eu conheço pelo cheiro Aproveite o cruzeiro e comece a rezar Todas as portas e janelas da vizinha se fecharam Dois tiros de oitão no peito do cidadão Ele abaixou a cabeça praticamente já morto Mas não era o suficiente pra aquele tipo de gente Pra confirmar a parada, mais uma pá de facada Diversas partes do corpo Agora está do meu gosto, disse um dos caras Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Pode crer, pode crer Pilantra tem que morrer Com a peixeira na mão ainda ensaguentada Chegou na frente do bar, ameaçou a moçada Galera apavorada começou a correr Ele olhou pra mim com o demônio nos olhos e disse assim Eu gosto mesmo é de matar o cara na faca Pra sentir ele morrendo na minha mão Se despediu de mim, subiu numa DT, até mais ver Os fatos agora são passados, fulano foi enterrado Meus manos todos enquadrados, alguns até já finados Quero esquecer do passado, enfim O gangsta rap conta mais uma história Através de um dos seus precursores, Face da Morte Falando sempre a verdade Sem essa de fazer média, sem pagar de comédia pra ninguém Que a paz do senhor Jesus esteja com todos vocês Em nome do pai, do filho, do Espírito Santo, amém