O sangue preto escorrendo na sarjeta Foi sufocado antes da execução Tem cor suspeita Faz a sola do coturno tatuar no meio-fio O bafio da escravidão A marca da escravidão! É o mesmo sangue na senzala açoitado E traficado em tumbeiros ao Brasil Fez a fortuna de barão, estancieiro Branco cruel, explora a dor Ferida aberta que o sal não cicatrizou Ferida aberta que o meu Sol iluminou Mãe África, o que será de nós? Que sua mão desate os nós Ao pulsar do meu tambor Escute a voz do terreiro No apelo desse macumbeiro Liberte minha gente, por favor (Por favor!) Liberte minha gente da favela Minha preta, salve ela! Oiáiá! E essa dor que espanto no pandeiro Preso em novo cativeiro sem um lar E resisto com a força que o preto encara É palmares, é quilombo, zumbi e Dandara Um lanceiro de porongos que o tempo não cala Nem vai calar Meu canto, minha prece Meus tambores, meu axé! Minha fé! Que arrasta nossa raça Que é guerreira e diz no pé À vitória da ralé! Canta, Império do Sol A carne mais barata hoje vai gritar Alto feito um baobá A minha vida importa Ninguém mais vai comprar (Peço axé, saravá!)