Teu corpo é um continente atado ao tempo Chão de cimento suspenso no ar Meu coração é um almirante louco Que abandonou a profissão do mar Do cruzamento entre o dito e o não dito Erguem-se esquinas pra ninguém passar Passado a vida imitando a colina Que roça a neblina e se deixa roçar Levanta a barra da saia da noite Toco as ilhargas largas do luar Bebo a ciência acesa das estrelas No livro líquido do teu olhar Um rádio abandonado num andor Toca baixinho uma canção de amor Um cão urina sobre o som do rádio E mata afogado o último cantor