É calor de mês de agosto É meados de estação Vejo sobras de queimadas A fumaça no espigão Lavrador tombando terra Dá de longe a impressão De losângulos cor de sangue Desenhados pelo chão Terra tombada é promessa De um futuro que se espelha No quarto verde dos campos A grande cama vermelha Onde o parto das sementes Faz brotar de suas covas O fruto da natureza Cheirando a criança nova Terra tombada Fez do sangrado chão quente Esperando que as sementes Venham lhe cobrir de flor Também minha alma Sangrando espera confiante Que em meu peito você plante As sementes do amor Terra tombada é criança Deitada num berço verde Com a boca aberta pedindo Para o céu matar-lhe a sede Clara fonte ao pé da serra É o seio do sertão A água, leite da terra Alimenta a plantação O vermelho se faz verde Vem o botão, vem a flor Depois da flor as sementes O pão do trabalhador Embaixo das folhas mortas A terra dorme segura E nos dará para o ano Novo parto de fartura Terra tombada Fez do sangrado chão quente Esperando que as sementes Venham lhe cobrir de flor Também minha alma Sangrando espera confiante Que em meu peito você plante As sementes do amor