Ernesto Fagundes

Eu Sou da Fronteira

Ernesto Fagundes


Se vê que sou da fronteira, pelo meu jeito de olhar
E esta forma de falar, dialeto acastelhanado
Peito de galo entonado sempre impondo respeito
Pra algum maula pegar jeito quando fico enforquilhado

Se vê que sou da fronteira, por essa mão estendida
Neste gesto de guarida lhe alcançando o chimarrão
Falo de potro e galpão quando ponteio a guitarra
Solto milongas por farra que brotam do coração

Eu sou gaúcho da fronteira
Eu sou gaúcho da fronteira
Não me vendo e não me entrego
E o rio grande é minha bandeira

Se vê que sou da fronteira por esta estampa gaúcha
Se o atavismo me puxa o sangue vem de outras eras
Não dou oh! De casa em tapera, sempre encontro meu rumo
Por vezes que desaprumo conto co’a sorte que espera

Se vê que sou da fronteira quando a coragem me abraça
Pra defender minha raça de pronto já me boleio
Se for preciso peleio pra preservar meus diretos
É bem assim o meu jeito, pois ninguém me bota freio