Elza Soares

Praga

Elza Soares


Tomara que tudo de mal lhe aconteça
E acabe apanhando papel pela rua
Que a felicidade jamais lhe apareça

E quando passar, todos gritem: "Errou!"

Que a saúde se vá se você se aproxima
O azar e castigo e muruca de fato
Que o gringo não fie ainda por cima
Você seja gongada na hora do parto

Que ninguém, ao passar, mais lhe faça "fiu-fiu"
É essa e outra praga que eu rogo à você
Você bem merece, não digo o porquê
A tal de censura já me proibiu

Tomara que alguma cegonha biruta
Ensine às colegas o seu endereço
E que todos digam mal vê-la passando
"Que mulher tão feia, deve estar do avesso, huh"

Que ninguém, ao passar, mais lhe faça "fiu-fiu"
É essa e outra praga que eu rogo à você
Você bem merece, não digo o porquê
A tal de censura já me proibiu

Tomara que alguma cegonha biruta
Ensine às colegas o seu endereço
E que todos digam mal vê-la passando
"Que mulher tão feia, deve estar do avesso"

Tomara que tudo de mal lhe aconteça
E acabe apanhando papel pela rua
Que a felicidade jamais lhe apareça
E quando passar, todos gritem: "Errou!"

Que a sorte se vá se você se aproxima
O azar e castigo e o muruca de fato
Que o gringo não fie ainda por cima
Você seja gongada na hora do parto