Elymar Santos

Boiadeiro / Disparada

Elymar Santos


Vai boiadeiro que a noite já vem 
Pega o seu gado 
E vai pra junto do seu bem
Prepare o seu coração

Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, 
E posso não lhe agradar 
Aprendi a dizer não

Ver a morte sem chorar
A morte, o destino, tudo 
Estava fora de lugar, eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi,

Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse,

Porém por necessidade 
Do dono de uma boiada 
Cujo vaqueiro morreu 
Boiadeiro muito tempo,

Laço firme, braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho

E boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando 
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando,

As visões se clareando
Até que um dia acordei
Então não pude seguir,
Valente, lugar tenente

.E dono de gado e gente, 
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar 
Não canto pra enganar, 
Vou pegar minha viola

Vou deixar você de lado,
Vou cantar noutro lugar 
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei

Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse,
Por qualquer coisa de seu

Por qualquer coisa de seu, 
Querer mais longe que eu
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo

E já que um dia montei,
Agora sou cavaleiro
Laço firme, braço forte,
De um reino que não tem rei.