Vim de longe, de um Reino de além do mar. Vim marcado que nem o gado de lá, Num porão de navio, Sei de dor, fome, frio, Sem poder nunca mais voltar. Remo nas mãos, Ferro nos pés, Sangue riscando o olhar. Vim nos grilhões, Vim nas galés, Eu vim da África. Fui escravo, falar de açoites nem dá. Meu lamento ainda ecoa no ar, Mas quebrei a corrente, Ninguém manda na gente, Nunca mais ninguém vai mandar. Sou meu senhor, Meu dono e rei, Na força de Oxalá. Da minha cor Me orgulharei, Sempre, oh Mãe-África! Negro, negro, Mas não sou mais de lá. Brasil já é meu gongá! Negro, negro, Mas não sou mais de lá. Brasil já é meu gongá!