Oh, minha amada, Que os olhos teus: São cais noturnos Cheios de adeus, São docas mansas Trilhando luzes Que brilham longe, Longe nos breus. Oh, minha amada, Que olhos os teus! Quanto mistério Nos olhos teus; Quantos saveiros, Quantos navios, Quantos naufrágios Nos olhos teus. Oh, minha amada, Que olhos os teus! Se Deus houvera, Fizera-os Deus; Pois, não os fizera Quem não soubera Que há muitas eras Nos olhos teus. Ah, minha amada De olhos ateus: Cria a esperança Nos olhos meus De verem um dia O olhar mendigo Da poesia Nos olhos teus.