Sangue de boi Caminho pelas calçadas Me lembrando de anos atrás Percebo que aquela velha vargem grande Não existe mais Vejo os meus filhos miúdos Que eles crescam o mundo sem maldade Eles já enfeitam meu boi Construindo uma nova cidade Guarnicê, guarnicê! Tenho forças pra não fenecer Guarnicê, guarnicê! Quero ver o brilho do sol nascer Boi, boi Pra que o meu saõ joão não se acabe Boi Quando eu trabalho pesado Penso logo no meu boi pintado Fico o ano todo esperando Para admirar o seu bailado Laços de fita voando Me fazendo esquecer meu suor Cada enfeite costurado O meu boi não boi não podia ser melhor Guarnicê, guarnicê!... Mesmo sentindo essa dor Sempre danco nesse teu balanço Já tenho sangue nas mãos Mas eu vou às notas que eu alcanço Toadas empurram meu corpo Os meus pés se arrastam no chão Meu canto ainda não está rouco Vou seguindo com meu batalhão Guarnicê, guarnicê!... Em qualquer sotaque As matracas chegam te aplaudindo Em pindaré Meu coração bate no pandeirão Eu sou vaqueiro Sou zabumba, sou meu maracá E eu fico inteiro Quando a orquestra começa a tocar