Não sou de fazer pra grandes públicos Quase nunca público nada mas minhas redes sociais Mas já faz meses que não aguento mais Fiz essa aqui pra todos aqueles que só falam de ideias vazias Acham que a vida é só pó, mulher dinheiro E nas rodas de rima só mandam pederastia Parece até ironia, falavam que vieram da favela Mas não conhecem como é ela e nem o dia dia Das tias que choram porque os manos foram mortos pela polícia Mesmo sem envolvimento, sua aparência Já foi a prova suficiente pra ser incriminado Discriminado eu também fui, não pela cor Mas pela classe, é que pra quem vem De onde eu venho ser tratado como lixo pelos burguês faz parte Não é só pra surfar no hype que eu falo sobre isso Essa é a mais pura verdade, essa sempre minha realidade Aliás, dane-se o hype eu não sou um cara de vaidades Sei da necessidade, mesmo sendo branco Eu vim do gueto e também luto por igualde Minha vida não é filme, eu cresci numa cidade Onde até a mídia patrocina crimes, exibe nas novelas suas vitrines E olha lá que ainda tem gente que se fascina Se deixa levar apenas pelo estético Pra derrubar seu preconceito faço do papel E da caneta meu material bélico, pronto pra disparar E acertar sua mente, você pode até não gostar de mim Mas minhas rimas serão sempre conscientes Porque não adianta entrar no rap se for pra mentir no mic Não adianta fazer um som de merda e dizer que faz tudo isso por hype Se essa for sua parte, chame de qualquer Mas por favor não chame de arte Eu parei de acreditar em Fábulas Nas mentiras desses crápulas que cantam sobre o que não tem Só cantam sobre drogas pois sobre o efeito Da suas falsas palavras só isso lhes convém Falam até de fé, mas seguem deu próprio Deus Não se importam com os seus Falam de gang, falam de armas e elogiam o crime Mas na favela fecham os olhos pro bang bang Cantam o falso rap em vão, esquecem Que o sangue que escorre dessas guerras De facção são os dos nossos irmãos Que nunca se envolveram na vida bandida Mas infelizmente vão morrer e nem ver a filha crescida A mulher tá viúva, tendo que trampar em casa de família Pra botar em casa a comida e as vizinhas cuidam da filha Eu aprendi ouvindo sabota aos 14, que rap é compromisso Do rap eu me tornei discípo e aos 14 escolhi a caneta no lugar do oitão Talvez por isso aos 20 eu não esteja rico, mas graças a Deus tô vivo Mesmo sem moto zerada, minhas metas foram batidas Mesmo sem carro do ano não perdi minha vida Nunca abri mão da minha liberdade