Quando o sol pecha o horizonte Se descambando pra o leito A pampa se faz galpão E um guitarreiro florão Enfrena notas de encilha Pra os versos de redondilha Que o poeta arranca do peito ...E os dois se vão feito um rio Que sai da caixa e se espalha Num milongão de fronteira Que calça o pé na porteira E grita: aparta e reponta Que o bicho troca de ponta Depois que o laço trabalha (Se tua milonga é machaça Me tira pra teu parceiro Pois somos dois curunilha Levando em cima da encilha Este Rio Grande campeiro) Uma milonga crioula É ventania em payada Mas quando se urbaniza, É vento que vira brisa E noite adentro ressonga Milonga é sempre milonga De cola fina ou pilchada Milonga de contrabando Que varou cerca e fronteira Pra fazer pátria e querência E aqui plantou descendência Sem apeiar do cavalo Milonga é sempre um regalo Ainda mais se é campeira (Firma a guitarra e atraca Num milongão macanudo Que eu saio no teu costado Pois ando sempre montado No verso que pecha tudo) Num verso que pecha tudo Num milongão de pechá tudo...