O inverno se revela Ante os olhos da janela Que observa, entanguida Um nuverio mais picaço Cobrir o céu num abraço Deixando a tarde encardida O vento a soprar friagem Encarangando a paisagem Pintada pela invernia Embalando as taquareiras Trouxe a alma musiqueira Pras cordas da cercania (Vai ventito, milongueando... Orquestrando a invernia Que eu fico no teu costado Com o coração debruçado Na janela da poesia) O inverno crava punhais No couro dos animais E também na carne humana O frio dilacera tudo Só o meu guacho lanudo Não sente a dor da lampana Os campos se aniquilaram Os cuscos se enrodilharam Bem na boca do fogão E os meus dedos milongueiros Vão atiçanndo o braseiro Na alma do meu violão (Vai ventito, milongueando... Orquestrando a invernia Que eu fico no teu costado Com o coração debruçado Na janela da poesia)